J. BORGES: O ARTISTA RAIZ


José Francisco Borges (Bezerros, Pernambuco, 1935). Artista popular, xilogravador e poeta. Filho de agricultores, frequenta a escola aos 12 anos, apenas por dez meses. Realiza diversas atividades: é marceneiro, mascate, pintor de parede, oleiro etc. Em 1956, compra um lote de folhetos de cordel e começa a atuar como vendedor em feiras populares. Em 1964, escreve seu primeiro folheto, O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina, que é ilustrado pelo artista Dila (1937), de Caruaru, e publicado pelo folheteiro Antonio Ferreira da Silva, que acompanhava J. Borges nas feiras do interior.

O folheto é um sucesso e vende cinco mil exemplares em apenas dois meses. Na segunda publicação, O Verdadeiro Aviso de Frei Damião sobre os Castigos que Vêm, J. Borges não encontra um clichê para a ilustração da capa do folheto e, por economia, produz sua primeira xilogravura, inspirada na fachada da igreja de Bezerros. Com esse trabalho, tem início sua carreira como xilogravador. Em pouco tempo, ele adquire máquinas tipográficas e passa a editar folhetos.

A vida dura do sertão se transformou em matrizes de xilogravura pelas mãos do artista. Foi entalhando madeiras para fazer os seus primeiros livros de cordel que ele deu início a sua incrível produção.

Misturando muitas referências em suas gravuras, como contos românticos, místicos, lendas, anedotas, etc, J. Borges criou um trabalho que carrega a essência do Nordeste, retratando no papel o rico cotidiano do sertanejo, povo que sabe como poucos extrair poesia em meio a tantas adversidades, compondo de um jeito único uma encantadora narrativa da arte popular brasileira.